O projeto começou após a leitura de “Mal de Arquivo” de Jacques Derrida. Em “Mal de Arquivo”, Derrida explora o conceito de arquivo e sua relação com a memória, a história e a identidade. O trabalho de Derrida aprofunda-se na noção freudiana da “pulsão de morte” e como ela se manifesta no desejo de arquivar e preservar. Ele examina como o arquivo não é meramente um repositório neutro de documentos históricos, mas está profundamente implicado em dinâmicas de poder, hierarquias e na construção do conhecimento. Ele argumenta que o arquivo é inerentemente instável, sujeito à interpretação e manipulação. Ele sugere que o ato de arquivar é uma forma de violência, pois envolve selecionar, excluir e preservar certas narrativas enquanto apaga outras.
Para iniciar o processo de produção do filme, comecei coletando fitas cassete — uma relíquia do passado que continua sendo tanto barata quanto facilmente acessível. Essas fitas foram amplamente utilizadas para gravações pessoais, muitas vezes servindo como um repositório para músicas gravadas do rádio, particularmente durante um período em que os preços da música no Brasil eram proibitivamente altos.
A partir desse ponto de partida, entrei no campo da edição, montando trechos de áudio extraídos das fitas cassete. Posteriormente, empreendi uma exploração digital, vasculhando a internet em busca de vídeos, muitos dos quais originários de transmissões televisivas antigas. Esses vídeos foram integrados harmoniosamente com conteúdo do meu arquivo pessoal e trechos provenientes do TikTok.
Além disso, utilizei a inteligência artificial para gerar imagens, aproveitando sua capacidade de manipular material arquivístico. Através desse processo, a IA ofereceu interpretações inovadoras, enriquecendo o cenário visual do projeto.